Aqui neste ponto, neste exato ponto, tocamos numa terrível ferida imanente a história medíocre desta nação(para não citar nomes). Aqui houve dos "grandes homens desta pátria" um grande sinismo, uma grande predisposição a mentira, colaborada até mesmo pelo povo aqui presente. Entretanto, é evidente aos olhos de nossa pesquisa filosófica, que até então não há nada, que seja digno de nosso aplauso, de nossa atenção, de nossa atenção filosófica. Nós, talvez até por maldade, mas acima de tudo por natureza elementar, não temos capacidade intelectual de redigir as mesmas ações dos homens desta nação, homens acima de tudo "demasiadamente pequenos"... Somos dotados de tal deficiência, de tal erro natural. A quem acorda no meio da noite e se questiona: O que há de plausível neste país?
Em pouco mais de meio milênio o que se viu foi mero entusiasmo, mera especulação. Os regentes se preocuparam sempre em formar aqui alguém para se dirigir os aplausos, as atenções. E o pior de tudo: havia do outro lado uma nação sempre prostrada para ouvir, sem um resquício de crítica, de circunspecção. Sim, eram medíocres promovendo medíocres. Houve e ainda há neste nação uma grande oligarquia sempre preparada a enfeitar uma figura para se dirigir as atenções, há neste país uma grande oligarquia sempre preparada a formar os ditos intelectuais, e há também neste país um povo idiota prestado a resignar-se perante a tal violência ideológica.
2.
A moral enquanto instrumento de tortura muito densa, muito corrosiva neste país, não teve alguém que percebesse algo tão mesquinho, tão patético. Não houve aqui até agora um espírito profundo, o que tivemos aqui foram pseudo-críticas, foram projetos de homens ditos críticos, ditos intelectuais. Incansavelmente os homens do poder recorreram a moral para encantar o povo, e elogiaram suas ações, seus projetos.
" O elogio a si mesmo fede"!
E quanto tempo é necessário para uma nação formar um tipo de homem superior, um espírito profundo? Porque pelo que consta a nós, filósofos, não conhecemos através dos berços desta nação, alguém para dirigir o nosso precioso tempo, a nossa refinada atenção. E estamos agora aqui para perguntar com total circunspecção aos homens deste país, se foi Machado de Assis e José de Alencar os maiores escritores de nossa história? E também se foi Tom Jobim e Vinicius de Moraes as almas mais profundas.da música nacional? A resposta para tais questionamentos traria com certeza um "sim convicto" destes homens, e nós, filósofos, nos pomos a rir com tal superficialidade, com tal mediocridade de vossos gostos.
Nós, filósofos não adquirimos a falta de profundidade destes homens, nós somos predestinados a cavar incansavelmente a moral, a maior valoração, a cultura, a política corrupta destes homens...Destes honrados e queridos senhores, destes respeitados homens de fé, destes que acima de tudo são "pequenos homens"...E estamos séquitos aqui a enxertar a mesma indagação, uma profunda indagação: Quanto tempo será necessário para esta nação formar um tipo de "homem superior"?
Tentamos, é verdade não com pouca resistência, protelar tal desconjutura, tal crítica corrosiva, e corremos para outros assuntos, tentamos direcionar nossa atenção a um outro ponto, mas temos que admitir aqui que esse texto chega tarde, chega muito tarde, porém relutamos em dizer a nós mesmos: "uma grande crítica quando florescida nunca chega tarde". Alguém por acaso neste país se propôs a se dirigir até ao solo, até as bases que regem esse estado? Todos foram supérfluos, todos acreditaram até mesmo "num mundo além deste mundo, criado pelos sanguessugas do padre e do pastor"...Todos eles foram seduzidos pela moral, pela ideologia do sensualismo, pela violência ideológica. Entretanto, mesmo perante a uma tal decadência, todos estavam a rir, a resignar-se, a acima de tudo "se curvar" diante destas coisas destrutivas.
3.
Qual o livro escrito neste país registrou ao menos uma palavra plausível? Uma frase eloquente? Qual livro escrito neste país exprimiu uma idéia crítica, uma desarmonia? Neste célebre ponto realmente encerra nosso último resquício de paciência que talvez ainda mantínhamos. Reside aí sem dúvida o nosso maior rubor, o nosso maior desprezo! Em meio milênio foram milhares de publicações, milhares de páginas, e nos embrenhamos a perguntar mais uma vez aos grandes intelectuais aqui presentes:"Existirá no futuro alguma obra que não esteja predestinada a ir para o lixo? Existirá num dia depois de manhã algum livro que na primeira de suas prolixas frases impedirá a continuidade da leitura? Pois, honrados e senhores intelectuais, nesta longa data de história não houve aos nossos olhos uma obra plausível, um livro profundo...Em palavras mais suaves: gastamos papéis e tinta pra se jogar fora, pra se esquecer.
Um livro deve ser acima de tudo objetivo, sagaz, astuto, e acreditamos também que tais características devem se encontrar em seus autores, e ainda sim deve-se também não deixar de lado o leitor, o caro leitor. Porque a mediocridade é recíproca neste país, é antes de mais nada generalizada, nunca é demais de nossa parte afirmar que também não houve um verdadeiro leitor, um leitor crítico. Todos, todos eles aceitaram esse lixo ideológico em forma de livros que aqui foram escritos, e assim contribuíram significativamente para a proliferação da literatura de ratos, de camundongos, porque não há uma idéia elucidativa em Senhora, ou em As Vítimas Algozes, e muito menos em Memórias Póstumas de Brás Cubas. Repetimos mais uma vez: "Que joguem estes "projetos de literatura" no lixo, no lixo mais fétido que possa existir. Há urgentemente a necessidade, a intrínseca necessidade de rever todos os conceitos de literatura neste país!
E tocar na questão da literatura nos leva também a um outro ponto ao qual a mesma também se insere: a "arte". E acaso alguém até agora soube buscar a originalidade na composição? E acaso algum dito artista neste país produziu algo que não fosse para ganhar de dinheiro? E alguém redigiu algo novo, algo estridente?
A arte que se teve e ainda se tem aqui é uma mera cópia do até agora se viu principalmente na Europa e nos EUA, sendo por excesso de sensualismo o que tomou por estupor alguma possibilidade de autocrítica nesses eruditos nacionais.
E tocar na questão da literatura nos leva também a um outro ponto ao qual a mesma também se insere: a "arte". E acaso alguém até agora soube buscar a originalidade na composição? E acaso algum dito artista neste país produziu algo que não fosse para ganhar de dinheiro? E alguém redigiu algo novo, algo estridente?
A arte que se teve e ainda se tem aqui é uma mera cópia do até agora se viu principalmente na Europa e nos EUA, sendo por excesso de sensualismo o que tomou por estupor alguma possibilidade de autocrítica nesses eruditos nacionais.
4.
Entretanto, sentimos nesse momento a necessidade de uma pausa, pois entendemos que uma tal crítica, mesmo que muito florescida, ainda não é o fim, ainda não terá aqui o seu lugar maior. Estamos a caminho de algo mais denso. Esse preâmbulo implica numa grande responsabilidade para nós, filósofos, mas não poderíamos negligenciar uma tal crítica, não poderíamos acima de tudo, manter o silêncio por tanto tempo, até porque não suportamos um único instante a ausência de luz. O silêncio, o necessário silêncio, nós multiplicamos o seu significado, potencializamos, criamos um significado só para nós, e sabemos o lugar, o momento de torná-lo a nossa blindagem.
O que até agora se tornou muito claro aos nossos lhos é a ausência de um espírito profundo nesta delimitação, alguém que esteja sempre a criar algo novo. E estamos mais uma vez aqui a dizer num único sentido, que tomamos para nós esta tarefa, esta tarefa antes de mais nada, ingrata, demasiadamente ingrata. Andamos principalmente nesta última década em meio aos escombros, em meio ao lixo que restou, e que agora paira sobre a nossa responsabilidade. Nós, homens tardios, assimilamos a tarefa que nos cabe agora. E temos uma extrema aversão a qualquer tipo de veneração, de religiosidade, de pateticismo ideológico, nós ainda não fomos tomados por esse sensualismo típico de nossa época. Temos impregnado em nossas ações o instinto de economia, de valorizar a si mesmo...
O que até agora se tornou muito claro aos nossos lhos é a ausência de um espírito profundo nesta delimitação, alguém que esteja sempre a criar algo novo. E estamos mais uma vez aqui a dizer num único sentido, que tomamos para nós esta tarefa, esta tarefa antes de mais nada, ingrata, demasiadamente ingrata. Andamos principalmente nesta última década em meio aos escombros, em meio ao lixo que restou, e que agora paira sobre a nossa responsabilidade. Nós, homens tardios, assimilamos a tarefa que nos cabe agora. E temos uma extrema aversão a qualquer tipo de veneração, de religiosidade, de pateticismo ideológico, nós ainda não fomos tomados por esse sensualismo típico de nossa época. Temos impregnado em nossas ações o instinto de economia, de valorizar a si mesmo...